A doença meningocócica é uma infecção bacteriana causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis, conhecida também como Meningococo. Ela coloniza as superfícies mucosas da nasofaringe e é transmitida por contato direto com secreções do trato respiratório (gotículas de pacientes ou portadores assintomáticos). As taxas de transporte nasofaríngeas são mais altas em adolescentes e adultos jovens que servem como reservatórios para a transmissão de N. meningitidis para os bebês e outras faixas etárias.
A doença meningocócica é grave. A taxa geral de mortalidade é alta e muitos dos sobreviventes têm sequelas de longo prazo, como deficiência neurológica, perda de membros ou dedos e perda auditiva.
Os meningococos são classificados em 12 sorogrupos, com base nas características da cápsula polissacarídica. A maioria das doenças invasivas (como meningite e sepse) é causada pelos sorogrupos A, B, C, W, X e Y. A importância relativa dos sorogrupos depende da localização geográfica e de outros fatores, como a idade. O sorogrupo C é o mais frequente de doença no Brasil, seguido pelo sorogrupo B. E já aparecem em alguns estados, as cepas W e Y. O sorogrupo B tem uma incidência maior em bebês com menos de 1 ano e o sorogrupo C em crianças menores de 1 ano e adolescentes de 16 a 20 anos. Com a introdução da vacina contra o meningococo C em 2010 no Brasil, houve um decréscimo dos casos da doença meningocócica por essa cepa, mostrado nos estudos brasileiros. A partir de 2020, foi introduzida no sistema público de saúde brasileiro a vacinação contra as meningites ACWY em adolescentes, no sentido de diminuir os portadores assintomáticos da doença, assim como reduzir o número de casos nessa faixa etária.
Além do risco com base na idade, os fatores de risco não específicos para os sorogrupos A, C, W e Y incluem ter uma infecção viral anterior, viver em uma casa lotada, ter uma doença crônica subjacente e estar exposto à fumaça do cigarro. Pessoas com deficiências persistentes (genéticas) de componentes do complemento (um tipo de distúrbio do sistema imunológico) tem uma incidência aumentada da doença meningocócica. Pessoas que usam medicamentos inibidores do complemento, como eculizumabe e ravulizumabe para o tratamento de Síndrome Hemolítico-Urêmica Atípica ou Hemoglobinúria Paroxística Noturna, também. Outros grupos de risco são as pessoas com ausência do baço (asplenia anatômica ou funcional) e pessoas expostas aos meningococos por trabalhar em laboratórios. Também são citados na literatura, como grupos de risco, pessoas vivendo com o HIV, homens que fazem sexo com homens e viajantes para países onde a doença meningocócica é endêmica, como o cinturão de meningite da África Subsaariana
No Brasil, as vacinas licenciadas para os sorogrupos meningocócicos A,C,W e Y são: (MenACWY-CRM- GlaxoSmithKline [GSK] , a MenACWY- TT -Pfizer e a MenACWY-TT- Sanofi Pasteur) que contêm conjugado meningocócico no qual o polissacarídeo de superfície está quimicamente ligado (“conjugado”) a uma proteína para produzir uma resposta imune robusta ao polissacarídeo. Há aconselhamento de que as doses no esquema vacinal sejam feitas com a mesma vacina (mesmo laboratório).
Desde 2015 foi licenciada no Brasil, uma vacina que oferece proteção contra a doença meningocócica do sorogrupo B (MenB- Bexsero-GSK). Ela está disponível nas clínicas particulares de vacinação. Essa vacina é composta de proteínas encontradas na superfície da bactéria. Para proteção contra todos os 5 sorogrupos de meningococos, é necessário receber as vacinas Meningocócicas ACWY e Meningocócica B.