Vacinação e autismo: a maior fake news sobre vacinação

A área da saúde é uma das que mais sofre com a divulgação de notícias e informações falsas. Essa propagação de informações sem confirmação científica aumentou durante a pandemia do Coronavírus. Porém, a divulgação de informações falsas, principalmente relacionadas à vacinação, começou há muitos anos. O caso mais famoso é da informação falsa de que alguns tipos de vacinas seriam responsáveis por “causar autismo”.

O “estudo” que deu origem à informação

Em 1998 o médico Andrew Wakefield apresentou, em uma revista, uma pesquisa que acompanhava 12 crianças que, de acordo com ele, teriam desenvolvido comportamentos autistas e uma inflamação intestinal grave. De acordo com a pesquisa, o que havia em comum entre as crianças eram vestígios do vírus do sarampo. O médico apontou a possibilidade de a presença do vírus e os sintomas de saúde estarem relacionados com a vacina Tríplice Viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. A vacina havia sido aplicada em 11 das 12 crianças acompanhadas na pesquisa. Apesar de o médico ter apontado que esta era apenas uma hipótese, a informação foi suficiente para que o número de crianças vacinadas contra essas doenças caísse drasticamente em todo o mundo.

Impactos posteriores da pesquisa

Em 2004 foi descoberto que, antes da publicação do artigo em 1998, Andrew Wakefield havia feito um pedido de patente para uma vacina contra sarampo que seria concorrente da Tríplice Viral. Além disso, um médico que trabalhou na pesquisa contou que nenhuma das crianças estava realmente com o vírus do sarampo e Wakefield ignorou essa informação para não prejudicar a pesquisa. Por conta dessas ações, em 2010 o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield “inapto para o exercício da profissão” e qualificou seu comportamento como “irresponsável”, “antiético” e “enganoso”. A revista Lancet, onde o estudo foi originalmente publicado, se retratou dizendo que as conclusões do estudo eram totalmente falsas e o artigo foi banido das referências médicas.

O estudo que mostrou a verdade sobre a vacinação e o autismo

Publicado em 2019 na revista Annals of Internal Medicine provou que a vacina tríplice viral não aumenta ou causa o desenvolvimento de transtornos do espectro do autismo (TEA). O estudo foi realizado pelo Instituto Serum Statens em parceria com as universidades de Copenhagen, na Dinamarca, e Stanford, nos Estados Unidos. No estudo foram analisados os registros de saúde de 650 mil crianças dinamarquesas que nasceram entre 1999 e 2010. Elas foram acompanhadas do primeiro ano de vida até o dia 31 de agosto de 2013. Das crianças, mais de 6,5 mil foram diagnosticadas com TEA e o risco entre vacinados e não vacinados era semelhante. Os médicos também conseguiram comprovar que a vacina tríplice viral não aumentou a incidência de casos de autismo nem quando consideradas as variantes de sexo, período de nascimento, aplicação de outras vacinas, histórico familiar, prematuridade, fumo durante a gestação e diversos outros fatores que foram considerados na pesquisa.

O impacto da falta de vacinação

Por conta da disseminação de fake news, principalmente a relacionada a vacinação e autismo, algumas doenças como o sarampo, que estavam erradicas, estão começando a retornar. O Brasil recebeu, em 2016, um certificado da ONU pela eliminação da doença, mas recentemente houve um novo surto de sarampo em diversos estados do país. A disseminação das notícias falsas, impulsionadas pelas redes sociais, é extremamente prejudicial no combate às doenças. A vacinação é muito importante e deve ser seguida à risca, conforme manda o calendário vacinal e as orientações da Organização Mundial de Saúde.

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